Na última sessão, estávamos eu, o Alexandre (Fontanetti) e a Bruna (Caram). Como sempre, a nostalgia de um produto que era um pouco mais do que mera reunião de doze ou treze fonogramas, mas um projeto audiovisual com arte gráfica e um propósito. Não como um punhado de fotos esparramadas em uma caixa de sapatos, mas como um álbum de fotos que a gente organiza de alguma forma, por época, por lugar, por evento...
Da mesma forma, os LPs foram também chamados de álbuns, e os fonogramas tinham algum elo entre si. Quanto veio o CD, trouxe a vantagem tecnológica de um produto fisicamente mais resistente e, ao menos teoricamente, com som de melhor qualidade, além da enorme redução nos custos de fabricação. A ideia de álbum, contudo, ainda estava mantida, bem como a arte gráfica, esta menos significativa em relação aos LPs devido ao tamanho reduzido.
Mas já brotaram ali sinais do enfraquecimento deste conceito. Lembro que no finalzinho de 2017, quando foi lançado o CD Novo Rumo - Glau Piva Canta Caetano Júnior, recebemos de um crítico o comentário (negativo) de que quem ouvisse isoladamente qualquer um daqueles fonogramas saberia que era daquele CD. Na ocasião, encaramos como elogio, a prova de que o trabalho de alinhavar dois estilos tão diferentes como o da Glau e o meu em um trabalho homogêneo como o CD Novo Rumo fora bem sucedido e que tínhamos ali um álbum, não uma coletânea (coletânea é o LP ou CD formado por fonogramas extraídos de diversos outros LPs/CDs).
E o que temos hoje? Vejo como uma volta ao tempo dos 78 rpms, onde se lançava uma música de cada vez (o lado B servia apenas como contrapeso, as gravadoras nunca lançavam dois sucessos em um mesmo disco, a menos que por descuido; por que vender somente um disco quando se poderiam vender dois?). Estamos na era dos singles, fonogramas lançados individualmente que podem ou não ser oportunamente reunidos em um álbum com distribuição, cada vez mais, apenas digital.
A Bruna disse que os LPs hão de voltar um dia, o Alexandre acredita na revalorização do conceito de álbum. Eu pela minha parte não me arrisco a apostar. Vejo outro destino, a associação da música à imagem por meio dos clipes, conceito que na minha opinião veio para ficar. Mas isto já é assunto para outra postagem.
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