Na nossa penúltima postagem, fizemos homenagem ao monge Guido d'Arezzo, idealizador da notação musical como a conhecemos hoje, com pautas, claves e notas, no século XI, coração da Idade Média.
Algumas pessoas me perguntaram como seria antes disso. Até onde eu sei, seria de um modo muito semelhante ao que se faz ainda hoje, quando não há folha pautada disponível nem tempo para escrever a partitura.
Acima, um exemplo prático e real. A anotação é da Bruna Caram, no estúdio, preparando-se para gravar a guia de uma música inédita de minha autoria, Canção da Menina Triste. Eu havia esquecido em casa a partitura para a voz e já ia voltando para buscá-la, mas a Bruna disse que eu não me preocupasse, não seria necessário. Ela então escreveu rapidamente o rascunho acima para se orientar, onde, junto com a letra da música, traçou uma linha indicando o movimento da melodia e assinalou quando preciso as sílabas fortes (primeiro tempo dos compassos).
Com isso, a guia pôde ser gravada sem problemas. Mas temos que lembrar que a Bruna já havia ouvido a música na minha gravação doméstica (em termos técnicos, chamamos registro inicial: é uma gravação, geralmente feita em telefone celular, onde o compositor canta a música acompanhado de violão ou piano, para apresentá-la ao intérprete e ao produtor) e mesmo ensaiado a voz em casa. Então, o rascunho funcionou para ela como lembrete, mas não serviria para orientar a quem nunca tivesse ouvido a melodia antes.
Assim devia ser nos tempos anteriores ao Guido d'Arezzo. Nada que permitisse transmitir a música com exatidão a quem já não a conhecesse antes, somente lembretes que músicos e intérpretes utilizavam como auxílio à memória.
Grande abraço a todos! Valeu, Bruna!

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